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LISBOA
Em Portugal o sector privado nasceu, cresceu e pereceu à sombra do Estado, Ámen. Sempre foi assim, e sempre será. O Estado, é o provedor e avalista das grandes fortunas privadas em Portugal, se fossemos intelectualmente honestos, seriamos obrigados a reconhecer, grandes fortunas públicas, mas como não somos, nem pretendemos sê-lo, sem nenhum pudor, podemos reconhecer na pessoa, Estado, o cúmplice e o compadre perfeito.
Para ser coerente com o seu estatuto, especializou-se em ser lesado e espoliado por contratos ruinosos, meticulosamente redigidos nos melhores escritórios de advogados. O Estado omite-se quando os contratos não são integralmente cumpridos pelo privado, se puder sonegar, sonega, mesmo, quando as derrapagens são colossais, quer nos prazos e nos custos. Os brutos não precisam entender, por isso, neste país não é necessário dar explicações e muito menos responsabilizar alguém. Somente, é necessária uma coisa, pagar, senão for com o teu dinheiro é com o dos outros, por alguma razão, nós somos o Estado e podemos endividar-nos em teu nome. Teu, meu e nosso. A falta de pudor é tanta, mesmo falidos e resgatados, continuamos pela mesma senda e com a maior das naturalidades o Estado efectua um pagamento em duplicado no valor de €4,4 milhões à favor de uma empresa privada. O pagamento era suposto ressarcir a empresa concessionaria das portagens que não foram cobradas durante o mês de Agosto na Ponte 25 de Abril, acontece porém, que quem por lá passou, no dito mês de Agosto teve que pagá-las, portanto, os €4,4 milhões, por uma questão de principio, deveriam ter sido retidos e não pagos. Será que este Estado é merecedor de clemência? Ricardo Amorim
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_Fiquei estupefacto com a descontração com que foram apresentados os avultados prejuízos do Millennium BCP. O Presidente do Banco atacou o Financial Times, New York Times e o Wall Street Journal classificando-os, de forma pejorativa, de Génios.
Não creio que nos referidos Jornais existam os ditos Génios mencionados por Carlos Santos Ferreira, mas existe sim, uma ou outra colaboração de um Prémio Nobel. Os Génios encontram-se no Millennium BCP, porque somente com recurso a uma genialidade é possível obrar um prejuízo de €800 mil milhões em paralelo com uma linha de crédito da Troika de €12 mil milhões disponível para a banca. Isto sim, é digno de um Génio. Os Génios tem uma particularidade, gostam de filosofar nas situações mais inusitadas como por exemplo, uma apresentação de resultados do maior banco privado português e soltam verdadeiras pérolas que merecem ser celebradas e imortalizadas na literatura bancária, como a seguinte: “Os depositantes devem ficar depositados”. Um verdadeiro Banqueiro com visão deveria perante tamanha genialidade, aproveitar esta espantosa frase e lançar um novo serviço bancário. Um serviço de cremação para os clientes e utilizar a caixa-forte do Banco como um depósito de cinzas. Ricardo Amorim _Enquanto em Portugal se discute o Orçamento de Estado para 2012, do outro lado, Merkel e Sarkozy, com esquadro e compasso desenham uma nova Europa. Uma Europa a três velocidades; o núcleo duro do euro, os países convidados a sair e que saíram, e os países convidados a sair mas que decidiram ficar, porém sem pertencer ao tal núcleo duro. Todas as pessoas atentas à imprensa internacional sabem que os alemães, na pessoa de Angela Merkel, tem um mau conceito dos países periféricos. Aliás, um mau conceito várias vezes reiterado no próprio Bundestag.
Por isso, resulta-me, absolutamente, incompreensível, que nesta altura dos acontecimentos, depois de anunciar medidas de redução da despesa que passavam pelo corte dos subsídios da função pública, o Governo entre numa via de dialogo/ultimato com o principal partido da oposição para suavizar o esforço exigido aos portugueses, o mais curioso, a dita suavidade vai ser colmatada com mais um aumento de impostos. Indo em contra com o estipulado com a Troika, um ajustamento, com base em 1/3 de receita e 2/3 de despesa. Portugal, é o campeão da inversão das coisas. Aposto que os reports diplomáticos alemães para Berlim devem fazer referência a esta nossa particularidade. Num momento em que são exigidos sacrifícios máximos, há sempre alguém que afrouxa, se por acaso, 2012 for pior do que o esperado e o Governo falhar o seu benchmark, vamos regressar aos PEC's ou Orçamentos Rectificativos? Num momento em que se exige rigor, seriedade e determinação à Portugal, o Governo claudica, cede e é temerário. Desta forma, nunca vai ser possível fazer qualquer reforma que leve este país a bom porto, vamos ficar sempre a meio caminho no conforto das nossas vitórias morais passadas. Com este espírito, Vasco da Gama nunca teria cruzado o Tejo. Sem um ajustamento nos custos salariais, sem maiores ganhos de produtividade, sem maior inovação nas empresas, sem uma orientação internacional e um incentivo claro ao empreendedorismo, Portugal nunca saíra deste marasmo. Infelizmente, Portugal vai necessitar empobrecer, vía recessão, as empresas e as industrias inviáveis devem desaparecer e a economia deve fazer uma alocação mais eficiente dos recursos, dando origem, a novas indústrias e a novas empresas. Mas isto, só será possível se o Estado não for parasitário, for mais eficiente na aplicação e gestão dos seus recursos, no caso, português, é fundamental, uma maior eficiência e rapidez da justiça e de toda a burocracia relacionada com o Estado. Ricardo Amorim Qualquer que fosse o OE – 2012 apresentado, seria sempre, alvo de crítica. No entanto, é preciso ter consciência, no actual momento, não existem alternativas ao caminho apresentado. Portugal perdeu soberania e margem de manobra, está confrontado com duas variáveis difíceis de gerir; a falta de tempo e o excesso de velocidade. O OE na sua essência não é um orçamento de ajustamento, é um acerto de contas, porque as medidas apresentadas têm um carácter temporal. Seria necessário que fossem definitivas e somar ainda a necessária reestruturação do Estado.
Argumenta-se que as medidas apresentadas vão provocar recessão económica, mas o problema, não é a recessão em si mesma, porque ela significa regeneração da economia, e quanto maior for a sua severidade, maior será o seu efeito de catarse. O verdadeiro problema é o conjunto de más decisões, maus comportamentos e péssimos hábitos que conduziram a recessão. Nesta última década, Portugal foi por natureza um país de deficits primários recorrentes e com crescimento económico anémico, o colapso só não aconteceu mais cedo, porque Portugal aderiu à moeda única, o que permitiu ao país endividar-se e fazer o rollover da sua dívida a taxas de juro muito mais baixas, além disso, a economia mundial até 2008 teve um desempenho razoável. O crash português, era uma inevitabilidade, o país esgotou o seu modelo económico, sem crescimento, uma dinâmica agressiva da dívida, Portugal entrou em rota de colisão, a dívida deixou de ser sustentável. É a falta de sustentabilidade da dívida, que obriga o Governo ir além das metas da própria troika porque mesmo se tudo correr bem, quando o programa terminar, Portugal vai continuar sem acesso aos mercados financeiros. Apenas, um esforço determinado, poderá reduzir o período de abstinência financeira, durante este lapso de tempo, Portugal vai necessitar a ajuda dos seus parceiros europeus, portanto, será crucial ter um capital de credibilidade, que apenas poderá ser conferido se Portugal for um país rigoroso. Não vale a pena lamentar-se, primeiro, porque o mais difícil está por vir, a transformação ou a reinvenção da economia portuguesa; segundo, ainda há muita gordura por cortar, o Estado, objectivamente, deveria reduzir-se a metade. Ricardo Amorim As Finanças Portuguesas estão sobre pressão, uma pressão exercida pelas circunstâncias dos mercados e pelo facto de Portugal ser uma economia resgatada por uma Entidade Externa. Por isso, percebo a opção do Ministro das Finanças, no curto prazo, sob pressão, a forma mais rápida de obter uma redução significativa do deficit é aumentando a carga fiscal. Mas uma consolidação orçamental pelo lado da receita apenas tem um efeito conjuntural, não produz efeitos estruturais.
A prova disso, é o facto, de Portugal ter andado 10 anos a corrigir os seus problemas orçamentais sempre pelo lado da receita sem nunca ter alcançado uma solução definitiva para o seu problema. Aliás, o recurso do aumento da carga fiscal é mais perverso na economia, do que, optar pelo corte na despesa. O efeito é mais contractivo, não surpreende que Portugal na última década tenha oscilado entre recessão e estagnação. O problema, é o facto, da racionalização da despesa demora mais tempo a produzir efeitos, não é tão imediato como um aumento dos impostos. Aliás, não deveriam surpreender as mais recentes declarações dos responsáveis da Troika, 2011 foi o último ano para Portugal poder utilizar os Fundos de Pensões como receita extraordinária, já não será mais possível, o recurso a contabilidade criativa. Em principio, 2012 deverá ser o ano, em que os verdadeiros cortes na despesa irão decorrer, obviamente, implicarão um custo para a sociedade portuguesa, principalmente, se forem realizados apenas numa lógica economicista, sem uma visão global de reestruturação ou reformulação do Estado. O corte será necessário, é a única forma, de Portugal ter alguma credibilidade exterior, além disso, o actual nível de despesa não é comportável com a riqueza gerada pelo país. Portanto, será necessário mudar de vida sob pena do empobrecimento generalizado. Parece-me uma inevitabilidade o emagrecimento do Estado, o fundamental, neste processo, é o Estado não se demitir das suas funções essenciais e não pactuar mais com situações do género da Madeira, que apenas desacreditam o país e esvaziam os bolsos dos contribuintes portugueses, a maioria, provavelmente, nunca esteve e nem nunca estará na Madeira. Ricardo Amorim Estava descansado a navegar pela internet, quando, sou confrontado por uma notícia do Económico, com o seguinte titular (ou similar): A Madeira está falida. Senti, uma curiosidade natural, fui ler a notícia, e descobri, a dívida da Madeira ascendia aos € 8 mil milhões, é um número elevado, mas não impressiona, principalmente, sem um termo de comparação, então, fui pesquisar, o PIB madeirense, descobri que ascende, quase, aos € 5 mil milhões. Aplicando de forma grosseira, o debt to GDP ratio (dívida/PIB) temos um valor de 160%, um valor brutal, qualquer Estado com este valor ficaria impedido de aceder aos mercados de dívida. Acabaria por entrar em ruptura de tesouraria e ter que pedir falência. Neste caso, o Default seria completamente inevitável.
Mas, se este cenário embriagador, em vez de acontecer numa Região Autónoma, acontecesse numa Filial de uma Multinacional, quais seriam as consequências? Se a Administração da Multinacional fosse competente, a primeira coisa, que faria, seria despedir a equipa directiva da Filial e mandar fazer uma Auditoria às Contas. A segunda coisa, seria, provavelmente, liquidar a Filial. Nenhuma das opções, me parece passível de ser aplicada à Região da Madeira, o buraco da dívida terá que entrar na Contabilidade Nacional e fazer parte do deficit, ou seja, os portugueses terão mais uma factura inesperada para pagar. Este momento que Portugal está a viver, faz-me lembrar, quando o Vale e Azevedo saiu do Benfica, começaram a chover dívidas por tudo o que era lado. Sob o meu ponto de vista, a questão, que se coloca, é a seguinte, não podendo, o Dr. Passos Coelho despedir o Dr. Alberto João Jardim, não tem outra alternativa que dar-lhe cobertura, esta opção significa para o Dr. Passos Coelho escolher a vergonha e o descrédito. Alguém que na Campanha Eleitoral adoptou a bandeira da Austeridade Fiscal do Estado, que reiterou, que pretendia ir além do próprio programa da Troika, e quando chega ao poder, comete logo, a primeira incoerência, aumentar a Carga Fiscal de forma brutal, submetendo a generalidade dos portugueses a um sacrifício sem precedentes. Só porque, o Governo elegeu, o caminho mais fácil e no longo-prazo mais efémero, deu primazia a Consolidação Fiscal pelo lado da Receita, ao contrário, do que tinha prometido em Campanha Eleitoral. Mas a vergonha maior, é constatar que existem em Portugal Continental, Regiões muito mais pobres e mais deficitárias do que a própria Madeira, e que nunca usufruíram do mesmo tratamento de excepção, nem nunca puderam contar com a mesma solidariedade nacional, são zonas do interior do país, desertificadas, ao abandono, onde se fecham hospitais e escolas, e se vetam populações ao mais rude ostracismo, e o mais curioso, é constatar que, o Dr. Passos Coelho tem proveniência de uma dessas zonas carenciadas, senão, a mais carenciada. Será possível, perante, esta realidade gritante, fechar os olhos e lavar as mãos? Ricardo Amorim Tinha acabado a minha licenciatura, numa das melhores Universidades Públicas portuguesas, depois de fazer o estágio, um estágio miserável diga-se em abono da verdade, proporcionado pelo Gabinete de Saídas Profissionais da Universidade, tive como todo o filho de Deus ir a procura de emprego. Tarefa nada fácil em Portugal, principalmente, quando existe um divórcio entre Universidade e Empresa.
Lembro que comecei a enviar CV's para tudo o que era lado, mas o feed-back era reduzido, em função do elevado número de CV's que enviava. Na minha ingenuidade, comecei a perceber que estava a gastar dinheiro a toa, naquela altura a internet ainda não estava na moda, tudo era a base do envelope, selo e CTT. Comecei a ser mais selectivo, apenas, enviava CV's para as ofertas que se enquadravam com o meu perfil, foi então que comecei a ir as primeiras entrevistas de emprego em Portugal. E pude constatar na própria pele, o quanto as pessoas eram provincianas em Portugal. Nunca imaginei que em Portugal pudessem existir pessoas tão saloias, até que comecei a ir as minhas primeiras entrevistas de emprego e foi confrontado com perguntas que até a data de hoje, ainda não consegui esquecer porque atingem o cúmulo do ridículo, da estupidez e do hilariante. Somente uma mente muito saloia poderia ocorrer-lhe fazer semelhantes perguntas. Existem perguntas normais numa entrevista de emprego, por exemplo, o que fazem os seus pais? Mas perguntar se os meus pais ganhavam bem? Uma outra pergunta que não consigo esquecer, foi quando me perguntaram se conhecia pessoas ricas? Mas o cúmulo, o auge, foi quando numa entrevista, me perguntaram, se era da família do Américo Amorim? Foi o fim de linha para mim. Pedi aos meus pais se me podiam fazer um adiantamento monetário, pedi a um amigo meu que já vivia em Londres se podia enviar o meu CV a um conjunto de Instituições Financeiras da praça, comprei bilhete só de ida para Londres, fiquei alojado na casa desse meu amigo, estava disposto a tudo, até limpar as sarjetas. Nas duas primeiras semanas, desesperei, até que recebi a primeira chamada para uma entrevista, depois a segunda, a terceira já não foi necessária, porque fiquei logo na primeira. Recordo, que em nenhuma das entrevistas, ninguém me fez nenhuma pergunta aberrante, ninguém me perguntou se era familiar do Américo Amorim. Apenas sei, que comecei por baixo, fui subindo, e até a data de hoje, ainda trabalho na mesma casa. Por isso, meus caros, esta história de que não existem empregos para toda a vida, não passa de um mito. Um mito que pode ser uma realidade em países como Portugal. Ricardo Amorim O PSD saiu vitorioso das eleições portuguesas, mas não considero o resultado estrondoso. É um resultado muito enganador, propicio a intrigas e traições. Principalmente, se os ventos não forem favoráveis e a nau ameaçar naufragar.
Em relação ao PS, o resultado também ficou um pouco aquém, esperava que pudesse chegar ao patamar dos 30%, mas José Sócrates bateu-se bem, assumiu uma estratégia de alto risco que podia ter desventrado o PS. Mas manteve o PS vivo e numa zona confortável. Perante o cenário extremamente difícil com que Portugal se vai confrontar, penso que a estratégia de Pedro Passos Coelho se coligar com o CDS/PP um erro. Partilho, por fundamentos diferentes, a opinião do Dr. Alberto João Jardim, era mais sensato uma opção tipo Bloco Central, perante, o desastre e a adversidade que se avizinha, penso ser preferível um Governo com apoio parlamentar de 70% do que um apenas com 50%. É apenas uma questão de aritmética. Ninguém pense que, só porque agora temos um Governo de maioria absoluta, a bonança chegou, a parte mais difícil ainda nem começou. A austeridade do Estado, o fim da caridade partidária e a extinção dos caciques. Penso ser tarefa impossível para qualquer Governo, apenas possível com sublevação popular ou militar. Enfim, para terminar, na minha opinião, o que realmente ditou a vitória do PSD, foi o permanente empate técnico que se verificou nas sondagens, algo que acabou por forçar quem estava indeciso e descontente a optar definitivamente pela mudança. Ricardo Amorim Acabo de ler que Portugal entrou em recessão. Este facto não era propriamente uma novidade. Era sim uma inevitabilidade. O último OE aprovado, já indiciava esta realidade, o agravamento da situação política do país, com o respectivo pedido de ajuda e o consequente agravamento das medidas de austeridade, a recessão era absolutamente inevitável. Aliás, será perfeitamente expectável esperar uma recessão mais profunda e demorada em Portugal, tal como, algumas Instituições Internacionais e Analistas de relevo já fazem referência.
A questão que muitos debatem, é saber se Portugal tem condições para sair deste ciclo recessivo? Eu, pessoalmente, acredito que não. Num outro contexto, quando Portugal, detinha moeda, perante cenários desta natureza, a reacção era desvalorizar a moeda e recuperar a competitividade perdida, apesar, do problema subjacente não ficar resolvido. Hoje, como não detemos moeda própria, efectuamos uma desvalorização salarial, que no caso português passa por um corte na taxa social única (depois será nos próprios salários, será apenas, uma questão de tempo), com o intuito de recuperar a nossa competitividade e aumentar as nossas exportações. Penso que esta medida não será suficiente, poderá ser positiva, mas não é suficiente. Porque esta medida é um regresso ao velho paradigma de produzir produtos de baixo valor acrescentado com base em baixos salários. Neste posicionamento, a economia portuguesa tem que contar com a fortíssima concorrência Asiática, da Europa do Leste e dos Emergentes. É uma concorrência impossível, todos eles produzem a uma maior escala, a custos mais baixos e de forma mais rápida. O natural teria sido reposicionar o perfil da economia portuguesa para precisamente produtos/serviços com maior valor acrescentado, com uma aposta no design, na qualidade, na inovação, na tecnologia e no marketing. É confrangedor assistir como Portugal não tem uma Marca País no estrangeiro. O país continua praticamente com o mesmo rotulo de 40 anos atrás, existe um desconhecimento profundo das potencialidades do país além fronteiras, uma responsabilidade exclusivamente nossa, que não soubemos fazer pela vida enquanto país. Por isso, penso que será extremamente difícil para o país sair desta situação porque a taxa de esforço exigida é enorme e o país está demasiado habituado à inércia. Ricardo Amorim Creio que não seria incorrecto afirmar que Portugal já vive um clima de crise política, a dúvida, é saber se vai acabar em eleições antecipadas. Se fosse um matrimónio, a expressão seria divórcio. Talvez não seja um exagero afirmar que muitos matrimónios vão se aguentando e não se separam porque o divórcio pode implicar a miséria do casal.
Possivelmente, Portugal vive uma situação similar, um divórcio neste momento pode precipitar a ruptura financeira do país, por isso, vivemos nesta permanente indefinição: cai ou não cai? Penso que não será muito sensato precipitar a queda do Governo, sem uma garantia de se que pode fazer muito melhor, talvez, por isso, Passos Coelho sugeriu que um novo Governo deveria ser formado por vários partidos. Seria uma forma de repartir o mal pelas aldeias. O Dr. Passos Coelho tem mais informação sobre a situação do país do que o comum dos cidadãos, no entanto, não detém de toda a informação e a realidade muda muito rapidamente. Provocar a queda do Governo é abrir uma caixa de Pandora de consequências imprevisíveis. Pode correr bem, se o novo Governo for determinado e não se deixar vencer pelos vícios privados, e a sorte pode acompanhar os audazes, a conjuntura internacional pode mudar e favorecer a nova Governação. Mas também pode ser dramático, principalmente, se o Governo for de fraca qualidade e cometer os mesmos pecados. A sorte pode ser madrasta. Mas assumindo que o país se precipita para eleições antecipadas, é provável, uma vitória do PSD, o problema será saber, se a vitória permite uma margem suficiente para ter legitimidade para implementar o seu programa de Governo. Se o PSD tiver necessidade de coligar-se, nunca poderá recorrer ao PS porque não faz sentido deitar abaixo o actual Governo para depois coligar-se, o único parceiro disponível será o CDS, a questão é, se o país cair numa situação de emergência crítica e for necessário um acordo mais alargado e abrangente, o que se faz? Em todo este fenómeno, estamos a descontar os níveis de abstenção, se a abstenção for muito expressiva, atingir níveis recordes, qual vai ser a legitimidade do novo executivo de exigir o que quer que seja aos portugueses? Ricardo Amorim |